Frei Rui Guido Depiné nasceu em 08 de outubro de 1942, em Rodeio, SC.
Faleceu em 12/06/2020 em Bragança Paulista, SP.
Descendente de italianos por parte do pai, José Depiné; de alemães por parte da mãe, Lídia Benkendorf Depiné, era o segundo filho de uma família de 11 irmãos sendo 4 homens e 7 mulheres. Agricultores, o pai também era, nas horas vagas, alfaiate e Juiz de Paz.
A família sempre foi muito religiosa. Os pais pertenciam à Ordem Franciscana Secular, ao Apostolado da Oração e eram frequentadores assíduos das celebrações litúrgicas.
Tendo uma vocação muito acentuada, em 1954 ingressou no Seminário de Rodeio, na Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil – Ordem Franciscana Menor.
Em 1956 – Seminário Seráfico de Rio Negro – PR.
Em 1958 – Seminário de Agudos – SP.
Em 1964 – Noviciado em Rodeio – SC.
Em 1965 – curso de Filosofia em Curitiba – PR.
Em 1968 – curso de Teologia em Petrópolis – RJ.
Em 18/07/1971 foi ordenado Sacerdote.
Em 06/12/1971, foi para a Baixada Fluminense, Duque de Caxias, RJ, Piabetá, onde atuou nas comunidades e favelas Esqueleto, Rocinha, Beija-Flor, Pinto, Mangueira, entre outras. Atuava na Pastoral, nas Capelas e na Ação Social. Ajudou na construção de Igrejas e foi líder da juventude franciscana.
Em 03/03/1975 foi para Concórdia, SC, onde ajudou a construir a Igreja local, e teve forte atuação junto à comunidade atendendo todas as Capelas da região.
Envolveu-se na construção de casas para as famílias necessitadas, de forma que hoje há um bairro em Concórdia chamado Nova Brasília, que foi construído basicamente a partir da ação do Frei Rui para ajudar aquelas famílias.
Em 12/12/1978, Frei Rui Depiné veio ao encontro dos hansenianos da Colônia São Roque, em Piraquara, PR.
Frei Rui era uma pessoa muito inteligente e alegre. Simples e despojado, usava sandália franciscana no verão e no inverno. Se ganhasse um presente, logo na sequência repassava para alguém necessitado. Sua oratória era cativante e, também, era um grande escritor. Vários de seus textos foram enviados para muitos lugares, inclusive fora do Brasil, levando uma palavra de consolo e fé até para pessoas que não o conheciam pessoalmente. Neste site publicaremos alguns deles.
Foram 40 anos atuando como Capelão no Hospital São Roque, atual Hospital de Dermatologia Sanitária do Paraná. Entretanto, quando o Hospital foi reestruturado e os internos foram liberados e podiam morar em suas próprias casas, muitos deles não tinham mais para onde ir. Haviam perdido contato com as famílias e não podiam prescindir do tratamento que ainda continuariam a fazer no Hospital. Então o Frei começou um grande trabalho e envolveu benfeitores para compra de terrenos próximos ao Hospital e construção de casas para os egressos.
Entre os anos de 1980 e fins de 1990, aconteceu uma grande onda migratória para Piraquara. Muitas famílias chegavam de várias partes do Brasil e uma grande parte destas famílias vinham sem nada: sem emprego, sem moradia, sem condições de estabelecer uma vida digna. Neste contexto, ampliou-se ainda mais o trabalho do Frei Rui. Passou a ajudar e acolher estas famílias de todas as formas. Junto com os benfeitores, Frei Rui construiu mais de mil casas, especialmente, junto aos bairros de Guarituba, Vila Macedo, Santa Mônica, Jardim Primavera, Bela Vista, São Cristóvão, além de outros bairros de Piraquara e região.
Inclusive, naquela época, o bairro do Guarituba tinha o solo muito encharcado. Era difícil as famílias viverem lá e o Frei Rui, junto com benfeitores, levou centenas de caminhões de terra, deixando o solo mais adequado, o que contribuiu para melhorar a qualidade de vida das pessoas que lá moram. Também prestou relevante assistência aos índios Guaranis, da Aldeia Araçaí, que vivem nas montanhas de Piraquara.
A ação social de promoção humana junto aos mais carentes aconteceu das mais diversas formas, além das construções das casas: distribuição de comida, remédios, móveis, roupas, material escolar para as crianças, organização de festas de Natal, Páscoa, Dia das Crianças com farta distribuição de doces e brinquedos. O que alegrou a infância de muitos dos nossos habitantes, hoje adultos. Este imenso trabalho de ajuda ao próximo só foi possível pela constante e fraternal parceria das Irmãs da Congregação das Irmãs Franciscanas de São José, que atuam no São Roque desde 20/10/1926. Até hoje, as Irmãs do São Roque também continuam o trabalho do Frei Rui distribuindo cestas básicas para famílias cadastradas, moradoras dos bairros de Santa Monica, Vila Macedo, Guarituba, Planta Deodoro, Bela Vista, Laranjeiras, Esmeralda e Santa Maria.
O Frei Rui Guido Depiné, com sua capacidade de aglutinação de amigos, com sua confiabilidade, força, coragem e carisma; ajudou a fundar diversas Instituições beneficentes e entidades filantrópicas, entre as quais podemos destacar a ABSR – Associação Beneficente São Roque e Fundação Pró-Hansen.
Ele também teve muita ajuda da Associação e Oficinas de Caridade Santa Rita de Cássia, entre outras. Sempre esteve presente nos Hospitais e destacamos sua atuação no Hospital San Julian, levando sua presença e palavra de esperança e de fé. O Frei Rui Depiné também teve uma forte atuação junto à Colônia Penal. Alguns dos presos eram envolvidos em trabalhos no São Roque. Além do processo de evangelização, o Frei Rui ensinava algumas atividades de capacitação profissional como marcenaria, e eles também cuidavam do jardim do Hospital. Frei Rui atendia Penitenciárias, Delegacias, fazia sepultamentos, visitava as casas de todos, dos mais abastados aos mais necessitados, dos excluídos, dos desvalidos, dos injustiçados; sempre levando o pão, o remédio, o agasalho, mas, principalmente, sua presença franciscana e amiga.
Este é o legado do Frei Rui.
Não será esquecido.